8 de novembro de 2018

Morre aos 78 anos Dona Raimunda Quebradeira de Coco, símbolo da resistência da mulher tocantinense

Dona Raimunda ganhou vários prêmios pela atuação na defesa dos direitos das mulheres
A líder comunitária Raimunda Gomes da Silva, conhecida popularmente como Dona Raimunda Quebradeira de Coco, 78 anos, morreu na noite dessa quarta-feira (7), no assentamento Sete Barracas no município de São Miguel do Tocantins, região do Bico do Papagaio.
Dona Raimunda era diabética, estava cega e sofria com problemas respiratórios. Ela passou mal durante a tarde na comunidade onde morava, recebeu atendimento médico, mas não resistiu e faleceu no início da noite.
A trabalhadora rural se tornou símbolo de ativismo e ajudou a fundar o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), criado em 1991 e atuante nos estados do Pará, Tocantins, Piauí e Maranhão.
Pela sua atuação na defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras da região do Bico do Papagaio, ela recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Tocantins e prêmios como o Diploma Mulher-Cidadã Guilhermina Ribeira da Silva(Assembleia Legislativa do Tocantins) e o Diploma Bertha Lutz (Senado Federal).
Perfil
Nasceu em Novo Jardim (MA), filha de agricultores pobres, em uma família de 10 irmãos. Casou-se aos 18 anos, mas, em meio a uma relação difícil, decidiu abandonar o marido 14 anos depois e criar sozinha os seis filhos, trabalhando como lavradora. Na sua constante migração à procura de serviço, chegou ao Bico do Papagaio, região desassistida onde moravam 52 famílias.
Para levar trabalho comunitário à região e proteger os moradores das ameaças de grileiros, começou a mobilizar a criação de sindicatos rurais.
Em sua trajetória, foi responsável pela Secretaria da Mulher Trabalhadora Rural Extrativista do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e uma das fundadoras da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (Asmubip).
Atualmente Dona Raimunda estava casada com o também aposentado Antônio Cipriano, e adotou seu sétimo filho, Moisés, órfão de um líder sindical assassinado na década de 1990.
Nas Telas
A ativista teve sua trajetória contada em um documentário ‘Raimunda, a Quebradeira', lançado em 2007 com direção de Marcelo Silva e coprodução:  Public Produções, TV Palmas, Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).
O filme, vencedor do Festival de Brasília de 2009 com os prêmios de direção, fotografia e som e foi exibido nas principais telas do Brasil e ganhou o mundo eternizando a história desse símbolo de resistência da mulher tocantinense.
Fonte: AF Notícias