11/09/2012 09h18
- Atualizado em
11/09/2012 10h21
Ação da polícia na Chatuba prende suspeitos da morte de jovens no Rio
Nove pessoas já foram detidas em operação iniciada na madrugada.
Eles estão sendo encaminhados para a 53º DP, em Mesquita.
24 comentários
Polícia prende sete suspeitos em ação na Chatuba (Foto: Janaina Carvalho/G1)Entre os suspeitos estão: Ricardo Sales da Silva, de 25 anos e Monica da Silva Francisco, de 20. Os dois estavam com 433 papelotes de cocaína e 41 pedras de crack. Um homem identificado apenas como Beto Gorducho também foi preso. Ele estava em uma casa com 50 gramas de cocaína e 15 mil reais em espécie.
Uma mulher e um menor, cujos nomes não foram revelados pela polícia, também estão sendo encaminhados para a 53º DP, em Mesquita, na manhã desta terça-feira.
Cerca de 250 policiais, entre homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Batalhão de Choque (BChoque), Batalhão com Cães, do Grupamento Aero Marítimo e da Coordenadoria de Inteligência vasculham a Favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense, desde 1h15 desta terça-feira (11). Segundo o comando, a ação da polícia não tem prazo para acabar.
De acordo com o coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM, até as 9h30 da manhã não havia ocorrido nenhum tipo de reação dos bandidos.

Segundo moradores que preferiram não se identificar, a chegada da polícia aconteceu em boa hora. "Moro aqui há 55 anos e a situação estava ficando cada vez pior. Espero que agora as coisas melhorem", disse uma moradora, ressaltando que as vezes tinha receio até de chegar no portão de casa.
Moradores do Cabral comemoram a chegada dapolícia no local (Foto: Janaina Carvalho/G1)
“Essa operação foi planejada no dia de ontem. Mobilizamos as nossas tropas especiais, pedimos o apoio do Corpo de Fuzileiros Navais, que disponibilizou quatro blindados, que foram fundamentais para a nossa entrada. Nosso objetivo é reestabelecer a ordem e acabar com essa ação tão nefasta desses marginais aqui nessa localidade”, explicou o coronel.
Ainda de acordo com o relações públicas da PM, o setor de inteligência da Polícia acredita que os chefes do tráfico da comunidade que teriam ordenado os atos são Juninho Cagão, que seria o líder do tráfico na região, Foca e Ratinho.
“Esses três certamente devem ter liderado essas execuções”, disse Caldas, afirmando que a polícia já tem a descrição desses 3 criminosos e a informação de possíveis locais onde eles possam estar escondidos.
Na manhã desta terça, a polícia faz trabalho de revista e de aproximação com a comunidade para tentar chegar ao paradeiro dos traficantes. Policiais com cães farejadores também vasculham a área de mata da Chatuba em busca dos criminosos.
Ainda de acordo com Caldas, as informações obtidas através do Disque-Denúncia têm sido fundamentais para essa ocupação. Só na noite de segunda-feira (10) foram 12 ligações.
saiba mais
Seis jovens foram mortosTraficantes da Chatuba são suspeitos das mortes de pelo menos oito pessoas no final de semana. Entre eles, estão seis jovens que tinham entre 16 e 19 anos, que desapareceram no sábado (8) quando foram tomar banho em uma cachoeira da região.
Os corpos de Glauber Siqueira, Victor Hugo Costa e Douglas Ribeiro, de 17 anos, Christian Vieira, de 19, e Josias Searles e Patrick Machado, de 16, foram encontrados nesta segunda-feira às margens da Via Dutra. Eles estão sendo velados pela manhã em um ginásio municipal de Nilópolis e serão enterrados às 14h, no Cemitério de Olinda.
Os seis jovens saíram de casa sábado (9), em Nilópolis, na Baixada Fluminense, para ir a uma cachoeira que fica próxima à Favela da Chatuba, em Mesquita, e também ao Campo de Gericinó.
Investigações
As investigações da polícia apontam para a participação de pelo menos 20 traficantes na chacina, segundo o delegado Júlio da Silva Filho, titular da 53ª DP (Mesquita). De acordo com o delegado, os rapazes teriam sido mortos por morarem em uma comunidade pertencente à facção criminosa rival à dos traficantes da Chatuba.
Júlio afirmou que, além do assassinato dos rapazes, os criminosos também seriam os responsáveis pela morte do pastor Alexandre Lima e de um aspirante a PM. A polícia também investiga o desaparecimento de José Aldecir da Silva, que acompanhava o pastor na comunidade.
O delegado disse que todas as mortes foram comandadas por Remilton Moura da Silva Júnior, conhecido como Juninho Cagão, chefe do tráfico de drogas na Chatuba. Ainda segundo a polícia, há a hipótese de o PM ter sido torturado na área do parque pelo grupo criminoso.
Da
esquerda para a direita, a partir de cima, os jovens mortos na chacina:
Patrick, Christian e Glauber; Josias, Douglas e Victor (Foto:
Reprodução)“A gente foi até a Chatuba desenrolar com o gerente da boca de fumo da favela. Ele disse que os meninos foram confundidos com traficantes”, contou o irmão, que não quis se identificar.
Ele disse que, na hora, não sentiu medo, e só queria saber onde estava o irmão menor. “Meu irmão estava sumido para o lado de lá, perto da favela. Então, eu fui buscar meu irmão”, contou ele, que disse ter ido à Chatuba acompanhado de parentes dos outros jovens, e que não sofreu ameaças ou represálias dos traficantes. “Eles (os traficantes) não queriam ver a polícia invadindo a Chatuba”, explicou o irmão.