O crime, que teve repercussão nacional e internacional pela crueldade da agressão sofrida pela vítima, aconteceu no dia 6 de julho de 2015, no bairro Jardim São Cristóvão, em São Luís.
Estão sendo julgados, nesta terça-feira (22), os acusados de envolvimento no linchamento de Cleidenilson Pereira da Silva e tentativa de homicídio contra um adolescente no dia 6 de julho de 2015, no bairro Jardim São Cristóvão, em São Luís.
Os réus, levados a júri popular, são: Élio Ribeiro Soares, Ismael de Jesus Pereira de Barros, Ivan Santos Figueiredo, Cícero Carneiro de Meireles Filho, Marcos Teixeira Barros e Waldecir Almeida Figueiredo.
O julgamento está sendo realizado no Fórum Desembargador Sarney Costa, em São Luís. A sessão de julgamento é presidida pelo juiz Gilberto de Moura Lima, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri. A acusação é feita pelo promotor de justiça Rodolfo Reis, e na defesa atuam os advogados Ítalo Leite, Luanna Andrade, Paulo Sérgio Ribeiro e Nathan Chaves.
Ao todo, foram arroladas 18 testemunhas do caso, sendo que a primeira delas a ser ouvida foi uma das vítimas, que na época do crime era adolescente, com 17 anos de idade. No momento, o jovem está preso por saidinha bancária.
Como medida de prevenção da COVID-19, está havendo controle de acesso ao salão do júri, sendo obrigatório o uso permanente de máscaras para todos; e para o acesso ao prédio do Fórum é exigida a apresentação do comprovante de vacinação contra o coronavírus (COVID-19), como determina a Portaria-GP Nº 48/2022.
Duas sessões
Devido à quantidade de testemunhas a serem ouvidas perante o Tribunal do Júri, sendo previsível o alongamento da sessão de julgamento, no caso de todos os acusados serem submetidos a julgamento em sessão única, o magistrado desmembrou o processo para julgamento em duas sessões.
A medida também foi adotada devido à situação de pandemia do novo coronavírus, como forma de prevenção ao contágio pelo vírus, situação que exige a redução do número de pessoas durante a realização dos atos processuais de maneira presencial.
Em dezembro de 2020 houve a primeira sessão do julgamento, sendo que os réus Alex Ferreira da Silva, Raimundo Nonato Silva e Felipe Dias Diniz foram absolvidos em júri popular, por não existir prova suficiente para a condenação.
O júri dos demais réus ocorreria dois dias depois, em 3 de dezembro de 2020, mas foi adiado por causa da pendência de julgamento, pelo Tribunal de Justiça do Maranhão, de pedido de suspeição do magistrado feito pela defesa. O TJ não acolheu o pedido, e o júri teve início nesta terça (22).
CrimesOs acusados foram pronunciados, ainda em outubro de 2017, para irem a júri popular pelos crimes de homicídio consumado, na sua forma qualificada, por uso de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa do ofendido, assim como homicídio qualificado por uso de meio cruel e recurso que dificultou a defesa do ofendido, na sua forma tentada (tentativa de homicídio), conforme a denúncia do Ministério Público, recebida pela 2ª Vara do Júri no dia 6 de junho de 2016.
Todos os réus foram interrogados em Juízo. De acordo com a denúncia, os acusados assassinaram Cleidenilson Pereira da Silva, conhecido como ‘Xandão’ e tentaram matar o adolescente A.G.T, mediante espancamentos, com chutes, socos e pontapés, pauladas e gargalo de garrafa, conforme atestam os laudos de exame cadavérico e lesões corporais que constam nos autos.
Os crimes ocorreram na rua Coronel Abílio ou Jaime Costa, no bairro Jardim São Cristóvão, em São Luís. Consta nos autos que o adolescente A.G.T e Cleidenilson Pereira da Silva, que portava um revólver, estavam conduzindo suas respectivas bicicletas na rua Coronel Abílio, no bairro do São Cristóvão, quando resolveram assaltar, à mão armada, o restaurante de propriedade do acusado Waldecir Almeida.
Ao chegar na frente do restaurante, onde estavam sentados em uma mesa e almoçando, os acusados Élio Ribeiro, Raimundo Nonato Silva e uma testemunha, Cleidenilson Pereira entrou e anunciou o assalto, apontado a arma em direção ao dono do estabelecimento, ficando o adolescente dando cobertura ao assalto e observando a movimentação de pessoas lado de fora do restaurante.
Um dos acusados empurrou uma mesa na direção Cleidenilson Pereira e, em ato contínuo, outros dois o impediram de efetuar disparos no local. Segundo provas testemunhais, Cleidenilson Pereira ainda tentou efetuar alguns disparos, mas os mecanismos que deflagram tiros do revólver não funcionaram e a arma falhou no momento em que foi acionado o gatilho.
Houve uma correria generalizada no local. O adolescente A.G.T tentou fugir em sua bicicleta, mas foi derrubado por uma pessoa. Ainda, de acordo com as testemunhas, foi nesse momento que os réus começaram a violência contra Cleidenilson Pereira e o adolescente que, de pretensos réus no crime de roubo, passaram e ser vítimas de linchamento.
Conforme a denúncia, após as vítimas terem sido contidas em suas ações criminosas, o denunciado Ivan Santos Figueiredo, filho de Waldecir Almeida, saiu de dentro de sua residência, localizada ao lado do restaurante do pai, e passou a agredir Cleidenilson Pereira com inúmeros socos e chutes. O acusado Élio Ribeiro também passou a agredir Cleidenilson Pereira, que estava sendo segurado por outras pessoas. Em seguida, os denunciados levaram Cleidenilson Pereira para o outro lado da rua, e na sequência Élio Ribeiro quebrou uma garrafa de cerveja na cabeça da vítima e enfiou o gargalo no rosto do rapaz, fazendo com que espirrasse sangue por toda a calçada.
Na sequência, colocaram o adolescente no chão ao lado de Cleidenilson Pereira, que estava completamente despido, já sangrava muito pelo rosto e foi amarado a um poste, e então jogaram a bermuda ensanguentada de vítima no rosto do adolescente que estava com as mãos e os pés amarrados, para que ele não observasse o que estava acontecendo no local.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, O acusado Ivan Santos passou a agredir fisicamente A.G.T que se fingiu de morto. O espancamento, segundo os autos, foi realizado com a ajuda de outros acusados.
Ao fim das agressões, uma viatura da Polícia Militar, que havia sido acionada via CIOPS, chegou ao local onde as vítimas estavam amarradas, e Cleidenilson Pereira já estava morto.
O crime teve repercussão nacional e internacional pela crueldade da agressão sofrida pela vítima. Após ter sido agredido, Cleidenilson foi despido e amarrado a um poste até a morte. A foto emblemática que registrou o crime gerou revolta. Fonte: Blog do Gilberto Lima