Na operação deflagrada nesta quarta-feira para apurar suspeita de fraudes em contratos da empreiteira Construservice com a Codevasf, órgão comandado politicamente pelo Centrão, a Polícia Federal apreendeu R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo na residência de um dos alvos investigados, o empresário Eduardo José Barros Costa, em São Luís.
As notas, que incluíam cédulas de R$ 200, R$ 100, R$ 50 e também valores menores, estavam espalhadas por vários cômodos da casa, escondidas até mesmo em um cofre. Foram fotografadas pelos policiais federais responsáveis pela execução da Operação Odoacro, conduzida pela PF do Maranhão.
O material foi localizado em um dos endereços de São Luís que foi alvo das buscas. O alvo do mandado foi uma pessoa suspeita de ser laranja do grupo empresarial e vinculada a uma empresa de fachada, que disputava licitações apenas para dar um aspecto de legalidade ao processo e permitir à Construservice a obtenção de contratos.
Após a apreensão, a PF passou a realizar a contagem das notas. No final da manhã desta quarta, essa contabilização já ultrapassava o valor de R$ 1 milhão.
Nas buscas, também foram apreendidos itens como relógios de luxo e bolsas.
O principal alvo da operação é o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido pela alcunha de "Imperador", que foi alvo de prisão temporária.
As diligências são conduzidas pela PF do Maranhão, após autorização da 1ª Vara Federal de São Luís. A operação foi batizada de Odoacro, em referência ao sobrenome de um soldado italiano que liderou uma revolta para dar fim ao Império Romano — Eduardo José Barros Costa é conhecido pela alcunha de "Imperador".
A empreiteira alvo da operação executa diversas obras da Codevasf em municípios do estado. A investigação da PF detectou a existência de falhas graves nas licitações dessas obras. Os indícios obtidos apontam que empresas de fachadas ligadas ao grupo empresarial sob investigação eram criadas para simular a disputa dos contratos, que acabavam ficando com a empreiteira principal do grupo.
A operação
Operação Odoacro cumpriu mandados de busca nas cidades de São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas.
A Operação tem a finalidade de desarticular associação criminosa estruturada para promover fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, envolvendo verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
A investigação constatou a existência de um engenhoso esquema de lavagem de dinheiro, perpetrado a partir do desvio do dinheiro público proveniente de procedimentos licitatórios fraudados.
As diligências apontaram para a utilização do mesmo modus operandi, inclusive com as mesmas pessoas interpostas e empresas de fachada, de condutas realizadas em 2015, quando a Polícia Civil conseguiu identificar uma associação criminosa instituída para desviar recursos públicos do Município de Dom Pedro.
Após a referida operação policial, notou-se que o esquema criminoso não recuou, ao contrário, acabou crescendo exponencialmente nos anos posteriores, alterando, apenas, a origem da verba desviada – que passou a ser federal.
Descobriu-se que são constituídas pessoas jurídicas de fachada, pertencentes formalmente a pessoas interpostas, e faticamente ao líder dessa associação criminosa, para competir entre si, com o fim de sempre se sagrar vencedora das licitações a empresa principal do grupo, a qual possui vultosos contratos com a Codevasf.
O líder desse grupo criminoso, além de colocar as suas empresas e bens em nome de terceiros, ainda possui contas bancárias vinculadas a CPFs falsos, utilizando-se desse instrumento para perpetrar fraudes e dificultar a atuação dos órgãos de controle.
Fonte: oh do Gilberto Lima