Empreendimentos
que dependem do aplicativo para o contato com clientes tiveram
prejuízos ontem; até o fechamento desta edição, suspensão do uso do
Whats ainda não havia sido revogado
Algumas empresas, especialmente do setor tecnológico, tiveram redução no percentual de lucro por causa da diminuição na procura por clientes. Para contornar o problema, determinados donos de empreendimentos tiveram que ligar diretamente para os clientes ou mesmo mandar mensagens via SMS para manter contato.
A Farmácia Garrido, por exemplo, com sete unidades fixas na capital maranhense e que comercializa medicamentos de fabricação manipulável, efetua atendimento a seus clientes, há vários meses, por meio do WhatsApp. Por causa da suspensão do uso do aplicativo, houve queda – não divulgada – no faturamento da empresa, pela diminuição na procura por clientes. “ Há pessoas que encaminham fotos para o nosso contato de receitas médicas. Ou seja, há clientes cujo atendimento é direcionado diretamente para a nossa ferramenta”, disse Dalila Costa, uma das responsáveis pelo setor de atendimento da farmácia.
A empresa MA Tech, que atua com serviços de manutenção de informática, com sede no bairro Coroadinho, também teve que recorrer a outros canais para manter contatos com os clientes. “ Usamos o face, por exemplo, além do nosso número fixo”, disse a atendente da empresa, Ana Raquel Aguiar. Ela informou ainda que, devido ao bloqueio, houve queda de pelo menos 30% no faturamento diário da empresa, considerando a demanda de clientes “ Como é grande a dependência do Whats, as pessoas não têm outras formas de se comunicar conosco”, disse.
Outros canais
A comunidade do Vinhais, por exemplo, que faz uso diário do aplicativo WhatsApp para o acesso ao grupo “Vinhais Alerta”, criado por moradores do bairro para combater a falta de segurança no bairro, também foi uma prejudicada. O grupo, que até o momento conta com 50 componentes, já é considerado – apesar do pouco tempo de implantação – como um dos principais canais de acesso da população à polícia.
Além de trazer prejuízos financeiros, a ausência de acesso ao aplicativo também teve consequências nas rotinas jornalísticas das empresas de comunicação. A equipe de Mídias de O Estado, por exemplo, não utilizou o WhatsApp ontem (por meio do telefone 99209-2564) para receber informações sobre os acontecimentos do cotidiano de São Luís e do interior. Para compensar a perda momentânea do WhatsApp, a equipe recorreu a outras ferramentas da internet, como Facebook e VPN.
Além de O Estado, outros veículos do Grupo Mirante – como o Imirante.com, a Rádio Mirante AM e a TV Mirante – também utilizaram soluções alternativas para compensar o bloqueio do WhatsApp. Para não perder contatos, vários usuários no Maranhão fizeram uso de outros aplicativos, como Telegram e Viber.
Suspensão
A Justiça mandou as maiores operadoras de telefonia do país bloquearem o acesso dos brasileiros ao aplicativo de mensagem instantânea a partir das 14h de ontem. A decisão do bloqueio foi do juiz Marcel Maia Montalvão, da Vara Criminal de Lagarto, em Sergipe. O magistrado atendeu a um pedido de medida cautelar da Polícia Federal, que foi endossado por parecer do Ministério Público.
O bloqueio foi pedido porque o Facebook, dono do WhatsApp, não cumpriu uma decisão judicial anterior de compartilhar informações que subsidiariam uma investigação criminal. O WhatsApp informa que cooperou “com toda a extensão da nossa capacidade com os tribunais brasileiros”. A empresa voltou a afirmar que a Justiça tenta “nos forçar a entregar informações que afirmamos repetidamente que nós não temos”.
Em dezembro do ano passado, uma decisão da Justiça no Piauí também suspendeu o uso do aplicativo, que permaneceu inoperante para os usuários do país por 12 horas.
Nota do Whatsapp
“Depois de cooperar com toda a extensão da nossa capacidade com os tribunais brasileiros, estamos desapontados que um juiz de Sergipe decidiu mais uma vez ordenar o bloqueio de WhatsApp no Brasil. Esta decisão pune mais de 100 milhões de brasileiros que dependem do nosso serviço para se comunicar, administrar os seus negócios e muito mais, para nos forçar a entregar informações que afirmamos repetidamente que nós não temos”.
Peça
O que fazer sem o WhatsApp
- Usar outras ferramentas (Facebook, Telegram, VPN, ZapZap, Viber, Skype)
- Manter contato por meio de SMS
- Ter canais fixos, como o Disque-Denúncia
- No caso de empresas, ligar diretamente para os clientes
Correlata
Suspensão do WhatsApp afetou serviços da polícia
O bloqueio do WhatsApp também foi prejudicial para o controle de segurança por parte da polícia. Por causa da determinação judicial, a Polícia Civil – por exemplo – não recebeu, por meio do aplicativo, informações acerca de investigações ligadas ao tráfico de drogas e a foragidos de justiça.
A ferramenta – denominada ByZu e criada há menos 10 dias – em pouco tempo já ofereceu resultados positivos. “ De certa forma, o bloqueio nos prejudica, já que nosso canal no aplicativo nos oferecia informações em tempo real e de forma imediata. Trata-se de uma medida que prejudicou, sim, o trabalho da polícia”, disse o titular da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), delegado Tiago Bardal.
Ele aconselha ainda a população para que utilize, no período de suspensão do uso do aplicativo, outros canais como o Disque-Denúncia (cujo telefone é o 3221-5800). “ Ainda se trata de um serviço popular e com muito apelo junto à população. Contamos com nosso cidadão para que colabore com nosso trabalho, independentemente de qual ferramenta usar para procurar a polícia”, afirmou o delegado.
Frase
“ Há pessoas que encaminham fotos para o nosso contato de receitas médicas. Ou seja, há clientes cujo atendimento é direcionado diretamente para a nossa ferramenta”
Dalila Costa
Uma das responsáveis pelo setor de atendimento da Farmácia Garrido;Fonte: Imirante.com