Os dados demonstram que a maior participação das mulheres no mercado de trabalho não foi acompanhada de mudanças na divisão sexual do trabalho. Uma pesquisa feita por organizações feministas aponta que 88% das mulheres entrevistadas apontaram as creches como uma das principais demandas do poder público.
Acesse a apresentação da pesquisa: Creche como demanda das mulheres – DATA POPULAR/SOS CORPO (em .pdf).
Das
800 trabalhadoras entrevistadas, em nove regiões metropolitanas do país
e mais o Distrito Federal, 65% contam com alguma ajuda para cuidar dos
filhos, sendo que destas 31% pagam por essa ajuda. Essa “ajuda” na
grande maioria das vezes é prestada por outras mulheres. “As
mulheres com maiores rendimentos, em geral, pagam trabalhadoras
domésticas. As mulheres mais pobres contam, sobretudo, com a ajuda de
outras mulheres da família”, afirma Bethânia Ávila, do SOS Corpo – Instituto Feminista pela Democracia.
Outra
constatação importante da pesquisa é que a demanda por creches não
varia segundo a classe socioeconômica. Para as mulheres entrevistadas,
seria importante ter um lugar seguro para deixar as crianças,
considerando a realidade das mulheres no mercado de trabalho. Muitas
vezes, o trabalho fica longe de casa, por isso o tempo de deslocamento é
muito grande e o horário da creche não é compatível.
Para
ter acesso ao mercado de trabalho em condições menos desfavoráveis, as
mulheres dependem que o governo assuma parte da responsabilidade pelo
cuidado das crianças. A falta dessas políticas força muitas mulheres a
abdicarem de parte do seu tempo dedicado ao trabalho remunerado, da
possibilidade de ter um emprego formal e dos seus sonhos. Isso explica
porque apenas 60% das brasileiras, com mais de 16 anos, estão inseridas
no mercado de trabalho remunerado, contra mais de 80% dos homens.
[+] O papel do Estado na economia do cuidado. As
mulheres querem mais do que o enfrentamento da pobreza pelas políticas
de transferência de renda. As mulheres querem romper com o legado
histórico da dominação, que tem a dependência econômica como elemento
fundamental para a sua manutenção.
Taguatinga
(DF) – Aurileide Santos Souza, que trabalha como babá de duas crianças,
não conseguiu vaga em creches públicas para o filho Samuel, de 1 ano de
idade, A solução foi pagar creche particular, que consome 25% do seu
salário Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Apesar
dessa constatação, ainda estamos longe de garantir o atendimento de
toda a demanda. A construção de creches era a principal promessa do
Governo Dilma, e esteve no pacote de incentivos anunciados na Ação Brasil Carinhoso, no último dia das mães.
No
país, das 10 milhões de crianças entre 0 e 3 anos de idade, apenas 21%
delas estão matriculadas, o que significa que menos de 30% da demanda é
atendida. Até agora, a meta do governo é realizar cerca de 140 mil novas
matrículas até 2013, o que não muda o quadro alarmante da falta de
creches.
Como bem disse a Srta. Bia no post Creches:
Garantir o ingresso da grande maioria das crianças na Educação Infantil, principalmente por meio de instituições públicas, é garantir também melhores condições de se construir uma educação de qualidade para todos. Priorizar uma sociedade mais justa e democrática, passa por medidas como a expansão da Educação Infantil e a valorização da formação de profissionais competentes para atuar, não só nessa, mas em todas as outras áreas educacionais.
Por isso lutamos tanto por isso.
Conteúdo Reproduzido do Blog Blogueiras Feministas