Sidney Rodrigues – ASSIMP
Fotos – Fábio Barbosa
Em sessão híbrida nesta quinta, 08, na Ordem do Dia, aconteceu única discussão do Projeto de Lei Ordinária Nº 004/2021, de autoria do vereador Alberto Sousa (PDT), que dispõe sobre a criação do tratamento de reabilitação para pacientes com sequelas deixadas pelo coronavírus (covid-19).
Conforme o Projeto, a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) fica autorizada a implantar o tratamento domiciliar, telereabilitação e de centro de reabilitação para pacientes com estas características. Poderá ser solicitado, agendado e acompanhado por profissionais como: educador físico, assistente social, fonoaudiólogo, enfermeiro, fisioterapeuta, médico, psicólogo e outras classes de saúde. O poder executivo poderá firmar parcerias públicas e privadas para manter esses tratamentos, as despesas correrão por conta da dotação orçamentaria própria e a Lei poderá ser regulamentada através de decreto.
O presidente Alberto Sousa justificou a criação do projeto em função do momento que estamos vivendo e o rastro que está ficando no caminho da pandemia.
“Pessoas que tiveram a doença, ficam com diversas sequelas na mente, no corpo, na alma. Esquecimento, mudanças de comportamento, isolamento, síndrome do pânico, depressão e até tentativas de suicídio por medo do futuro em decorrência da pandemia. Até quem não teve covid, mas que perderam familiares ou entes queridos, são afetados de forma brutal e também desenvolvem problemas psicológicos e emocionais. Queremos que esse projeto possa alcançar aqueles que estão precisando dessa ajuda e não dispõem de condições para isso”, explicou.
Vereadores fizeram relatos pessoais de familiares que faleceram, outros que perderam pessoas próximas e as consequências disso.
Manchinha (PSB), comentou sobre os que ficam, ou que vencem o vírus e não conseguem sair de casa, desenvolvem dificuldades de relacionamento, medo. “Quem mais tem receio de pegar a covid, quando acometida, o psicológico faz com que a doença fique mais forte e a situação piore. Muitas crianças órfãs, famílias destroçadas. A pandemia irá passar, mas os danos irão ficar de forma permanente”, disse.
Adhemar Freitas Jr (SDD), afirmou que a sociedade está mentalmente doente. Pessoas dentro de casa com medo da doença e psicologicamente destruídas, não conseguem sair e isso está atingindo todas as classes, inclusive servidores estão com crise de ansiedade e precisam de reabilitação. “Quando a pandemia passar, muitos não terão condições de voltar ao trabalho, mesmo sem a covid, mas com a mente adoecida. A amplitude dos tratamentos terá que ser aumentada, pois o número de pessoas com necessidade de tratamento irá crescer assustadoramente”.
Cláudia Batista (PTB), falou da quantidade de gente que a tem procurado em busca de ajuda psicológica e que Serviço Social e Psicologia são as profissões do futuro, imprescindíveis pois a sociedade terá que tratar mentalmente quem hoje não consegue sequer sair de casa. “Vizinhos, amigos, colegas de trabalho, da igreja, estão todos impactados e a Câmara irá cumprir este papel de ajudar essas pessoas. Faculdades já estão disponibilizando alunos de psicologia que fazem laboratório, para auxiliarem quem está nesta situação”.
Zesiel Ribeiro (PSDB) considerou a matéria extremamente relevante, pois de acordo com pesquisas renomadas, quase 35% das pessoas que tiveram covid, após seis meses apresentaram problemas neurológicos e mentais. “As sequelas existem e estão aí, algumas pessoas estão apresentando até problemas físicos e parando de andar”, declarou.
Renê Sousa (PTB) relatou que foi visitar uma amiga no bairro Bacuri, que era alegre, extrovertida e de ânimo elevado, mas adquiriu síndrome do pânico e não consegue dormir, simplesmente por acompanhar de dentro de casa os resultados da pandemia na sociedade. Outra no Parque São José está com os mesmos sintomas. “Os profissionais de psicologia nunca fizeram tantos atendimentos como agora”.
Rogério Avelino (MDB) falou da situação de sua mãe, a ex-vereadora Fátima Avelino que não pegou a doença, mas está há um ano sem sair de casa. Sentiu um grande impacto, pois não pode ir mais na igreja, nem fazer suas visitas pela cidade. “Ela teve que aprender a utilizar de forma mais forte as redes sociais e a internet, visitar os locais virtualmente, mas a situação é muito difícil”.
Os parlamentares entendem que o Projeto busca combater os danos colaterais assustadores do coronavírus, que vem atingindo a população, principalmente no campo psicológico, mental e emocional que só aumentam. A matéria foi aprovada por unanimidade e aguarda a sanção do Executivo.
Alberto Sousa espera que a ação seja feita, saia do papel e salve vidas, pois aqueles que não se foram, estão morrendo por dentro.